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Família. Estes são alguns de meus netos.

Gabinete Português de Leitura

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Amadeu Trapalhão.

    Nelson foi percorrer, vistoriar as proximidades da casa. Isso ele faz todas as manhãs. E logo que começa o alvorecer. Na volta, ele chegou com a "cara enfarruscada" !
    -O que você tem, Nego?
    Perguntei preocupada com a suspeita de roubo de gado...
    -Sabe aquele pé de laranja baianinha?
    -Sei que aconteceu com o pé de laranja de umbigo?
    -Não estava carregada?
    -Tava.
    -Pois não é que amanheceu somente com as pequenas e as verdes! Ah, se descubro quem é o lalau! Mas Deus é justo, vai me conceder essa graça.
    Denilsinho que  ouviu a conversa, perguntou
    -Os nomes são das mesmas laranjas?
    -São, vô. É que nesta região, são conhecidas por esses nomes.
    -Ah, tá.
    Nelson saiu em direção à varanda. Eu disse para Denilsinho:
    -Seu avô vai sentar-se no banco para "quebrar a cabeça,"  até achar um jeito de "pegar" o "dono" das nossas docíssimas laranjas.
    Sentado com as pernas cruzadas, curvado com o queixo quase batendo no joelho e rolando o chapéu entre as mãos, olhando fixamento o chão,( O jeito de pensar de Nelson,) quando precisa resolver uma situação vexatória... Sentei-me ao lado,
    -Tinha casca de laranja junto ao pé?
    -Não. Não desci até a divisa, de tão revoltado com este roubo! Que absurdo, já às vésperas dos festejos juninos!!! Se roubarem novamente, cadê laranjas maduras para chuparmos? Ainda mais que meu primo Nestor vem e gosta tanto delas! Eu também. Fizemos até uma aposta para ver quem chupa mais laranja! Bem, durante o dia não foi. Deve ter sido na "calada da noite," madrugada.
    -Vô, vamos percorrer a  propriedade, que certamente vamos encontrar uma pista.
    -Vamos. Saíram em direção  ao caminho que desce para o fim da propriedade. Me dei conta de que Denilsinho estava vestido,calçado adequadamente para entrar no mato. Com a roupa que estava, ficaria  exposto a espinhos, picada de cobra... Chamei-o. Denilsinho, venha vestir camisa de mangas compridas, calça e calçar botas.
    -Vá, vô. Desculpe-me,  coma preocupação,não lembrei-me que vamos entrar no mato.
    Falou Nelson. Após Denilsinho trocar -se adequadamente para a empreitada, se mandaram.
    Passaram-se umas duas horas quando eles voltaram.
    -E aí?
    -Encontramos,sim, pista que nos leva a identificar pra onde o lalau pode ter levado nossas laranjas, pois deixou algumas espalhadas por onde foi.Eu vou achá-lo agora.
    E saiu portão afora em direção da praça do lugarejo, a passos largos e determinados.
    -Denilsinho, vem "quebrar" seu desjejum
    -Vô saiu sem tomar  café, vó.
    -Quando ele está  preocupado, aborrecido, não come, enquanto não acha como resolver o problema. E agora ele foi logo resolver.
   -Vou ver as iguanas, depois irei à casa de Ritinha.
  -O que você quer com Ritinha?
    -Ela vai me ensinar onde estão os pontos de perigos na lagoa.
    -que bom! Assim, fico menos preocupada, quando você for nadar.
    Quando Nelson voltou,  estava com o semblante de triunfo. Já fui perguntando
   -Quem foi?
    -Aquele homem do pé da ladeira.
   -Coitado! Ele é muito pobre, quase miserável! só tem aquela choupana. E, se não achar quem lhe dê um dia de serviço, passa fome, coma esposa e os filhos! Nego, tenha pena dele. Pelas crianças. Se damos queixa, não tem como pagar, a família vai sofrer mais fome, ainda!
    Que faço, então?
    -Denilsinho que estava lá à bera da cerca olhando as iguanas e os micos, deve ter ouvido porque
 veio apressado e disse
    -Vô ofereça-lhe trabalho em troca das laranjas, sem dar dinheiro.  E, explique-lhe que é para não prestar queixa. Mas avise que se repetir, o senhor presta queixa. Diga-lhe também que é em consideração às crianças  Vô, por quê o senhor não dá-lhe trabalho na fazenda?
    Um cara que me roubou!!!?
   -Sim, Nego. Com ele trabalhando, tem salário.  Certamente não vai mais precisar de se sentir "dono" das nassas laranjas.
    -É, vô.  Dê-lhe essa oportunidade. Assim, descobriremos quem realmente ele é.
    -Sabe vô. você ter razão. Porque nunca tinha acontecido roubo, antes.
    -Que acha, Nega?
    - Acho uma ideia boa, essa do nosso neto.
    -Então concordo. Vou falar com ele.
    -Ê,ê, ê, gritou e pulou de alegria, nosso neto.
    -Nego, vem tomar seu café.
    -Vou mesmo. tô com uma fome!
    Entrou foi direto ao lavabo, lavou as mãos,  sentou-se à mesa onde já estava seu desjejum, começou a degustá-lo, mostrando o semblante feliz.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Minha Primeira Viagem.

    1.955. No mês de fevereiro. Meu pai viajou à xxxxxx. Naquele mês eu completei 10 anos de idade.
    A viagem foi de trem. Para mim foi prazerosa, porque eu nunca tinha ido além de xxxxxxxxx, xxxxxxx, e vice- versa .
    Quando o trem ia passando pela cidade de xxxxx, um casal que estava sentado  do outro lado, começou a  fazer  coisas um no outro,  que  eu  nunca tinha visto!
    Um senhor que ocupava a cadeira do outro lado e levava um filho de uns 8 anos, e meu pai olharam-se, Arregalaram os olhos, se cutucaram. Acho que os dois conversaram com os olhos,  por que não ouvi os dois se falarem. Vi levantarem-se ao mesmo tempo, dirigindo -se à cabine, gabine, ou boleia?  Ah, boleia, não. Boleia, naquele tempo,  era de caminhão. Bem, fosse lá o que fosse, pararam à porta. O senhor bateu. Alguns segundos, penso que, que foram segundos, porque  aos 10 anos, eu ainda não tinha uma boa noção de tempo.
    O homem que atendeu, era alto, magro, bigode farto . com o uma coisa na cabeça que eu não conhecia se era boné, boina ... a roupa era diferente das que eu via os outros homens vestindo. (
Fui saber tempos depois que era a farda) Saudou os dois e, sem esperar resposta de cumprimento,  falou algo e parou. De onde  estava, eu só via . E sei que meu pai disse algo, pois que em seguida, o senhor que estava com ele, falou também.  O funcionário, ( não sei  qual era seu cargo) fez uma expressão no rosto muito séria, e virando-se para dentro da cabine ... falou algo e  dirigiu-se para cá, com passos firmes. Mostrado-se  uma pessoa de atitude, o homem parou junto ao casal que estava sentado  ao lado esquerdo, à minha frente. ah, a viagem era para o sul do estado da Bahia.
   - Boa tarde, moços.
    Não esperou resposta, disse.
    - Vocês estão convidados a descer na próxima estação.
    -que fizemos de errado?
    Perguntou a moça.
    Será melhor o rapaz se explicar.
    Disse o funcionário
    O que!!!?  Por ser mulher, não sou digna de o senhor me ouvir? Ou me acha retardada idiota,
    -Um momento, moça. A senhorita está acompanhada por este moço, então, é melhor que ele se explique, justifique. Certo?
    Certo uma xxx! Sou adulta. Sei o que faço o que quero e o que falo. Posso muito bem explicar o estávamos fazendo
    moça, me desculpe. Peço -lhe por por favor, deixe o moço falar.
    -O senhor vá pro inferno, pro raio que o parta,mas quero e vou falar.
    Dirigindo a fala  ao companheiro, disse
   -Você fique calado.
   Falou com tanta energia que causou impacto nos outros passageiros, que,  falavam coias ao mesmo tempo, sendo preciso que o funcionário falasse a todo pulmão: silêncio!
    -O senhor tem que me ouvir. Ah, vai.
    -A senhorita não quer deixar o moço falar mas isso não impede de  ter que descerem na próxima parada
    -Descer uma xxxxxx! Só porque estamos nos acariciando e beijando na boca?

                           É errado beijo na boca?
                           Carícia é malícia?
                           Carícia é propícia
                           Ao corpo às coxas...

    e soltou uma estrondosa gargalhada! O rapaz levantou-se e falou com firmeza à sua companheira:
    -deixe de fazer escândalo! Estamos errados, sim Saltaremos na próxima estação Desculpe-nos, senhor. Fique despreocupado, não causaremos mais vexame.
    -Tá certo. Descem na próxima estação.
    A moça se agitou, querendo dizer algo, mas o rapaz falou energicamente
  - Cale-se!  quanto maior escândalo fizer, pior pra sua reputação. Eu Sou solteiro.
    Ela sentou-se, e cruzou os braços deu vez à sua mudez. e a viagem prosseguiu.
    Acordei já na cidade para onde meu pai estava me levando. não vi o casal. o senhor com i filho.
    -Papai, cadê o senhor e o filho? e o casal de namorados?
    -Criança não tem que saber o que acontece e o que os adultos fazem, menina. Pegue sua trouxa (referindo-se ao lençol que continha meus pertences amarrados nele.) vamos pro ponto da marinete. pois ainda vamos pegar uma para ir ao bairro xxxxxx.
    -Vamos ficar na casa de alguém ou em pensão?
    -Já disse que criança não tem que saber o que os adultos fazem.

    Cá entre nós leitor, tem como esquecer uma viagem dessa?




segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A curiosidade de Denilsinho.

    Denilsinho acordou cedo, hoje. após cuidar da higiene pessoal  foi para o lado da casa onde ficam as árvores que dão descanso às iguanas, alimento. E, bem na pontinha dos galhos elas deixam-se embalar pelo vento.  
    Entre os afazeres, lembrei-me que Denilsinho não tinha tomado seu café!!! Chamei-o com meu gritinho fanhoso: vó, venha quebrar seu jejum, menino! O carinho e a curiosidade pelas iguanas  faz com que ele esqueça de si! Demorou de responder-me, chamei-o novamente.
    -Dá um tempinho ai, vó. Tô vendo como as iguanas se alimentam com as folhas mais novinhas e flores. Vem cá, vó, vem.
    Fui ver o que ele queria.  Ao ver-me ele disse entusiasmado:
    -Vó,  no ano passado, notei que as iguanas fazem a dejeção no mesmo horário e no mesmo galho, estejam onde estiverem, e agora  vi novamente. Será que elas fazem  sua necessidade de  alimentarem-se, e de dejeções  no horário e lugar certos? Vou observar mais vezes. Não sei é normal ou por doença, no  cocô vem um pontinho branco!
     - Menino, você é inteligente! Que danado! Eu vivo aqui desde quando nasci,não tinha observado isso, não!
    -Vó a senhora não vem pra perto das árvores, não fica observado-as, talvez porque não passou na sua cabeça ou por falta de tempo. Já eu, Tenho curiosidade e... tempo de sobra. Não parece que aquela pequena bem verde cana está sorrindo pra mim. Não parece, vó? Ai, que lindo!
    Disse isso numa excitação, num contentamento...! E, nesse entusiasmo eufórico, me abraçou, me beijou. ao soltar-me, pôs-se a dar pulinhos, sacudindo as mãos. Que contentamento! Eu, claro, fiquei muito muito feliz, grata...
    Olha lá, vó. balançou a cabeça , olhou para a outra.  Acho que tá pedindo que sorria pra mim, também.
    -Menino, que loucura é essa!!!? Onde já se viu animal sorrindo. Hum, quanta imaginação!
    -Que ela me sorriu, sorriu.