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Família. Estes são alguns de meus netos.

Gabinete Português de Leitura

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Os Predadores de Iguanas


    De repente,ouvi uma gritaria ao lado de casa. Corri à janela, vi três homens entre trinta e quarenta anos, cada um segurando uma latinha da cerveja ...., duas crianças entre oito e dez anos, ambos de pele clara, cabelo carapinha amarelo e... magricelas. Pela aparência eram irmãos. Não pereciam ter parentesco com nem um dos homens.  Ah, um deles,  aparentemente mais velho, bem rotundo, a barriga já com uma certa proeminência, moreno, semblante um tanto... carrancudo, com uma pedra na mão, não lembro em que mão a pedra estava, já mirando para o pé de quarana do terreno baldio  desse lado da minha casa. Quando atentei o olhar, o que vi? Uma linda, enorme e inofensiva iguana. Automaticamente entendi que ele ia jogar a pedra no. animalzinho! Abri a boca no intuito de gritar pedindo para ele não fazer aquilo,  não deu tempo! a pedra já alcançava a iguana que caiu ficando invisível de onde eu estava!
    Gritei desesperada, moço, o que a bichinha lhe fez? O senhor é insano? Todos se voltaram pra mim, um disse que queria matar pra comê-la, o que não acredito, porque o terreno dali onde eles estavam é muito ìngreme, fechado de mato cerrado,cordão de São Caetano, Pés de São Francisco mangueiras; pés de jurubebas e muitos,muitos pés de quarana, inclusive com sementes maduras.
   Continuei falando para a turma de pedradores de iguanas:os senhores são um mau exemplo para essas crianças! fiquei surpresa porque uma das crianças botou os polegares em ambos os lados do rosto, e me deu língua!!! A outra foi mais audaciosa. meu uma estalada banana de braço!!!
    Minha filha que, no momento chegava à janela, perguntou em voz alta e bem irritada: é essa a educação que seus pais lhes dão? O que será do futuro de vocês! Simultaneamente os dois colocaram as mãos nos quadris e dançaram!
    Felizmente o cara que deu apedrada na iguana, me pediu desculpa, Se foram. Os meninos andando olharam pra trás e nos deram língua e gritaram: ui,ui, ui. Acho que aqueles garotos são acostumados a desrespeitar os mais velhos, porque exerciam a deseducação em sintonia!
    Minha filha e eu fomos para fora, ficamos um tempão a observar se veríamos  a iguana, mas como falei acima, o terreno fechado por matos e até árvores ... desistimos.
    Entramos em casa, ambas profundamente sensibilizada com o ocorrido, sem saber se a iguana caiu porque foi atingida, ou, se foi pelo impacto de pedrada no galho onde ela estava preguiçosamente a  se balançar ao vento.
   Joguei-me no sofá, horrizada com um pensamento: o ser humano é...desumano em muitos dos seus atos!!! Não sei se por natureza, se assimilou durante a vida, se ainda de acordo com a classe social...

quarta-feira, 18 de maio de 2016

O GANHADOR da RIFA.

   Hoje é entre véspera do Natal. Tudo para os festejos  comprado, nos devidos lugares.
   Não devo deixar de dizer que,a quermesse foi um sucesso! Como todos os anos. Tanto que, me obriguei a ir pessoalmente agradecer aos comerciantes doadores,aos outros  benfeitores que contribuíram para a tão importante festa religiosa que é, o nascimento do Salvador universal  da humanidade.
   Como não agradecer ao seu Tarquínio, a geladeira INOX DUPLEX, para a rifa!!!? Que, por sorte ou ironia do destino, quem o ganhador foi seu donato!!! Um senhor já cinquentenário, sozinho,  um tanto... retardado!  Não alcança o valor monetário de nada, por isso, sequer o respeitam, o chamam de seu Donato...  Era explorado. faziam dele um "pau pra toda obra," pelos fazendeiros da região. Era Donato pra lá, Donato pra cá, Donato,vá, donato, faça, lhe  pagando a diária à centavos!!! Sim! É chocante, mesmo! Causou-me, indignação, saber disso! O pobre senhor, além de ser portador da evidente deficiência,  ser sozinho, mora num rancho erguido e coberto de palhas, um cômodo. lhe servindo de sala quarto e cozinha. O fogão são duas pedras com duas cavías de ferro atravessadas para apoiar a panela  é uma lata de extrato de tomate, que, ao que parece,pega uns  dois quilos. Nela, ele cozinha seu alimento, esquenta água para banho e outras necessidades.
   Melhor eu pensar que foi sorte, ele ganhar a refrigerador. Porque Nelson e eu tomamos a frente, preocupados que algum espertinho o lhe passasse a perna.Aconselhamos-o a vender para investir em material de construção, e ele aceitou. Daí, Nelson vai saber  na loja, quanto custa, pra não vender por um preço irrisório.
   Quando eu disse que ele era explorado, é porque ao tomar conhecimento dessa situação, falei com Nelson,  que, como eu, indignou-se, me perguntou
   -Nega, o que você acha de contratarmos -o?
   -Pode nos ser útil, sim. não o fazem de capacho a troco de centavos? Por que você vai pagar normalmente, não vai?
   -Claro. Se eu não pagar-lhe o valor real, Estarei  pondo-me igual aos aproveitadores.
   Nelson mandou praxedes, nosso cavaleiro chamá-lo. Ele mandou dizer que viria no dia a seguinte. E, umas cinco e meia, ele bateu palmas na porteira lateral. Nelson foi atender,  eu fiquei agilizando o desjejum,porque a moça que me assessora nas tarefas domésticas, chega lá para as sete horas. No desjejum Nelson me disse
   -Nega seu Donato não tem nem sabe o que é carteira profissional, título de eleitor, carteira de identidade, nunca tirou foto, disse que tem um papé  qui diz minha idade, adonde eu nasci, tem nome de papai e de mamãe. Tudo qui percisar saber de eu, tá lá,sêo Nerso. Sorrimos sem comentários.
    -Tem nada, não Levo-o à cidade,  para ele tirar todos os documentos.
Sério?  Faça isso o mais rápido possível, Nega.
E foi feito. No dia de pegar os documentos, Seu Donato chegou às quatro e meia da manhã!!! Compreensível. Até eu estava ansiosa!  Nelson assinou a carteira dele,  Levou ao Sindicato fez tudo legalizado.
    Os exploradores de seu Donato, ao chamá-lo para trabalhar, como de costume, recebendo o não. perguntaram , um a um,por quê Um a um, ele explicou
   -Agora sou trabaiadô de seu Nerso  Ah! os aproveitadores se revoltaram, diziam impropérios contra Nelson,xingavam, chamando-o ladrão de trabalhador dos outros,  metido a coronel...  muitos deixaram de falar conosco, outros "fechavam a cara"  ao passar por nós.
   Nelson soube por Praxedes, que eles queriam pegar Nelson para dar uma surra com cipó de caboclo. Então, Nelson mandou a cada explorador explorador, sim, por que fazer o que faziam com seu Donato. era exploração! como eu estava dizendo, Nelson mandou um manuscrito chamando-os, para uma reunião esclarecedora, lá na casa de farinha, com dia e hora marcados.
   Na reunião,Nelson explicou  que : seu Donato não vinculo empregatício com nenhum de vocês, então, pude, quis e assinei a carteira dele, porque  ele está com os anos lhe avançando, vai perder as condições físicas para o trabalho. Quem vai sustentá-lo?  Nelson me disse que foi um silêncio gritante! Houve até quem arreasse a abeça.  Só abriram a boca pra saudar Nelson com um oi quase inaudível.  Saíram calados.!
   -Pô, Nego.  Pelo que  você disse, sem querer deixou-os humilhados.
   Outro dia, vi seu Donato conversando com Niniha a moça que trabalha me ajudado no serviço domestico Seu Donato dizia
   -Sabe , Nininha?  Dispoi qui tô trabaiano pra sêo Nerso, nunca mai fiquei cum fome, nunca mai mi fartou dinhêro. Antes quase todo dia eu passava fome! Achorava, inté. Agora já cumprei fugão, três panela, u'a pra carne, u'a pro fêjão, outra pra o arróis. Farta u'a frigidêra pra a moqueca.
   E começou a dizer algo,que eu entendi ser versos. deu alguns passos, eis o que ouvi

             Eu passava fome!
             Agora cumprei fugão,panela.
             Nun cozinho mai in cima de trêi preda
            Gente, tô mi sintino um home!

    Qui bom, sêo Donato.Tá chegano a hora do sinhô procurá muié
   -Tá não, tá não. Só tenho aquele terrenim adonde tenho meu ranchinho Couma vô ponhar muié ali

                         Muié é mimosa.
                         Merece finura de trato, amô
                       Um cantim agasaiadô
                       Chêrano a rosa!

   Ai, sêo Donato.  da donde o sinhô  isso tão bunito?
   -Tirei de lugar argum Saiu agorinha do meu mermo  coração ou d cabeça.  ah, num sei. só sei qui falei. tá falado.
   Nossa, pensei: Se   seu donato não fosse um tanto lento da cabeça,pra que daria? Médico, poeta se estendendo pra escritor? Quando eu ia me aproximar mais deles,ouvi a voz aflita de Pedrinho me chamando
   -Vó, vó , me ajude.
   -Que é, menino?
   -Me ajeita uma roupa que vou pra um enterro.
   - Quem morre!!!?
   -Minerva.
   - Minerva?
   -Sim.  Morreu nesta madrugada. Mas já vão enterrar porque morreu de parto. Foram três filhos. Um morreu também!Conseguiram trazer  todos os amigos, parentes. Até aquele que grandão que passa muito por aqui, e dizem que brigava muito com ela, foi á um  alarido terrível acho que estão  chorando!
   Você acha?
   -Não entrei na casa. Fiquei sem coragem. Dizem que ela era carinhosa, brincalhona.
   - Ah! que pena!
   Enquanto íamos pra casa, Perguntei
   -Onde ela morava? numa das casas atrás da serra.
  estavam dizendo que ela era muito querida.
   Enquanto ele tomava banho, passei a roupa, Terminei no exato momento em que ele saiu do banheiro .
   quando acabou de se arrumar, saiu quase correndo  Ai. eu também quase correndo fui atrás dizendo aos gritos
   -Vá  no cavalo.
   -Eu sei, vó Na vinda, encontrei praxedes na beira da lagoa, com o ajudante botando os animais pra matar a sede mandei que ele deixasse-os  com o ajudante, e viesse selar um cavalo. Tchau, vó.
   -Deus lhe acompanhe.
   Quando cheguei no fim do corredor, já perto da sala, vi Rildo parado  no portão,
  - Pode entrar, menino.
   -Bom dia dona Lita.
   -Bom dia Rildo. Você conhecia  Minerva que morreu de perto? Sabe com quem vai ficar os dois bebês que ficaram vivos?
   -Minerva morreu!!!? Bem qui se falava qui aquela cachorra ele tava cum a barriga muito grande e   feia
   Cachorra? você não respeita os mortos? Qualquer que tenha sido seu problema com ela,esqueça, perdoe. Foi sua namorada?
   -Minha o Que!!!?Eu namorá u'a cachorra!!!?  Era só o que mi Fartava! Si a sinhora num fosse minha pratôa eu sei  o qui ia lhe arrespondê!tô ino. Inté
   -Até logo. me desculpe pela pergunta. eu não quis lhe aborrecer Namorar é bom, não é errado.
   -Mai  cum u'a pessoa decente. não cum u'a cadela!
   -Tá, tá. Pode ir, disse lhe eu irritada.
 Ele se foi. Sentei-me no banco tosco,intrigada com a irritação dele. Irritação, não.Ira. Sim, ele ficou irado, mesmo,com minha pergunta.
   Fui ao meu quarto, peguei o cesto de costura, umas roupas que estavam necessitando de conserto, voltei para a varanda, sentei-me na cadeira pra ficar melhor acomodada enquanto costurava  as roupas.
   -Assim me encontrou Pedrinho.
  -como foi o enterro?Foi até emocionante!  A senhora precisava ver, a multidão  quase encheu o campo!teve flores, oração... pareca enterro de gente!
   -Como parecia enterro de gente?  A  pessoa se chamava Minerva?
   Pedrinho soltou uma estrondosa gargalha, quase sem poder falar disse
   -Minerva era uma cadela, vó.


  

                       



quarta-feira, 27 de abril de 2016

LÁGRIMAS no ROSTO dum SILENTE CORPO.

   No sábado próximo passado, Diná amanheceu melancólica. Talvez por conta dos seus quinze anos completos dois dias antes!...
   Caminhado lentamente dirigiu-se à  una mesa que servia de estante,escrivania porta-apetrechos, pegou a caneta, destacou uma folha de papel dum bloco, sentou-se no sofá, puxou a mesa de centro pra junto e começou a escrever. Vez por outra fazia trejeitos no rosto, Ah! Isso muito, muito atiçava minha curiosidade! Punha -se pensativa, esfregava as mãos soltando longos suspiros! Logo após,  a caneta corria solta.
   Escrevia algo,  riscava. Escrevia novamente, de novo riscava.
   Eu observava caladinha fingindo não estar vendo, mas curiosa, que eu só!Resolvi relaxar.Joguei o peso do meu corpo no recosto do sofá, fechei os olhos para que ela pensasse que eu estava dormindo De repente, mergulhada no meu "Sono," vi-a levantar-se  e dirigir-se os banheiro. Quando ouvi o trincado da chave do banheiro trancando a porta,  fui apressada xeretar o que ela escreveu. Fiquei pasma! Leia o que estava escrito.

                                           Puseste -me lívida com seu ávido desejo!
                                           Meu sorriso em pétalas, feneceu!!!
                                           O tic-tac compassado do peito, juro. estarreceu!
                                           Porque meu corpo outrora silente,se alvoroçou!
                                           Agora quer gritar ao mundo a inconformação
                                           que a ele eu impus dizendo às suas carícias,um não!
                                           Neguei-me a ti assustada com sua veemência
                                           Mas... penso agora,
                                           à chegada da aurora
                                           Valeu a pena, silenciar meu corpo
                                            às custas de lágrimas banhado meu rosto?

      Respirei profundamente, pensando.
                                             
                                            Não existem mais nubentes!
                                            Não como as de antigamente.
                                            Quando outrora,
                          adolescentes escreviam o que estou lendo agora?
 
   Diná acabou de debutar!!! Pelo que escreveu, já se encontra amando, apaixonada!
   A vida está sendo ingrata com ela!!! Tadinha! Mal deixou de ser criança, no seu peito já se destila o veneno do anseio de amar,querer, do ter que se segurar

 


 

quarta-feira, 23 de março de 2016

O Nome do Corcel.

    Lembre-me neste exato momento que pedi a Nelson que fosse à cidade comprar mantimentos, pois que a dispensa está quase vazia! Ao pegar a lista das minhas mãos, ele perguntou
    -Nega, a lista de legumes e verduras?
    -Ver o quê, seu Nerso???!!!
    Perguntou a filha de um dos trabalhadores que me ajuda nas tarefas domésticas.
    -Quer deixar de perguntar, por favor? Disse -lhe, eu, irritada.
    -Tá, tá. Num se pode preguntar nada, nessa casa!
   - Nego, pra que temos uma horta?
    -Mas não temos rúcula, acelga.
    -A o quê???!!
    -Novamente você perguntando?
   Discurpa, discurpa.
   E virou-se em direção do quintal, mas Nelson  disse espere.
    - Acelga, é uma hortaliça, de  valor nutritivo. Especialmente rica em cálcio, gostosa na salada. Não a temos por que ela nem germinou aqui.  O clima dessa área não é bom para esta hortaliça.
    - E a tal rú...eta nome! Num é um palavrão?  
    Irrompemos numa gostosa gargalhada, ao mesmo tempo.
    Rúcula, é, hortaliça. Folha para salada, também. Rica em ferro.  Plantamos.-a. Mas não nasceu Olha que as plantamos por várias vezes, antes de desistirmos!
    -Ah, tá. nunquinha ouvi falar delas!
    -Chega de conversa! Não tenho tanto conhecimento, para administrar aula sobre hortaliças. Nega, não esqueceu de nada?

    -Ah! Tentei falar com Pedrinho e Denilsinho, mas as operadoras xxx, xxxx, e xxxxx, que são predominantes na região, sequer, sequer, diz algo como as desculpas esfarrapadas:este  número não existe, este número que você ligou, está  desligado...  O certo é que estamos sem comunicação!!!! sinto até vontade de atirar o aparelho pra o ar. Só não faço porque sou controlada, consciente de que  nesse ato posso atingir  umas iguanas, macacos e pássaros. Os bichinhos não têm culpa do que nos acontece. Pense como eu ficaria se machucasse um ou uns bichinhos deses? O que Denilsinho pensaria de mim? E o prejuízo em reais? O real tá difícil de se consegui-lo!
    -Tô vendo que ele tá com moral. Mais do que eu, até! Você joga minhas botas pro terreiro,meu chapéu pra  a casa das ferramentas da roça, e tantas outras coisas minhas que você chega a jogar fora, chuta pro beleléu!
    -Não me venha com essa lenga-lenga! Não me obrigue a dizer que faço isso, porque você  larga tudo nos lugares inadequados!!! É casca de laranja pendurada no espaldar da cadeira, chapéu na mesa
    -Você com seu bolodório, está atrasando minha viagem! Não lhe pedi  tais detalhes, pedi?
    E saiu apressado, gritando para Ximbica, nosso encarregado dos animais trazer  o corcel vapt-vupt, nosso mais novo e xodosíssimo corcel negríssimo como o breu!

                   Eu quis por-lhe o nome Pompeu
                   Nego disse: é da cor do azeviche, do breu,
                   E, é meu.
                   Quem DÁ o nome, sou EU!

                   
    -Ai, nego. disse lhe eu, na ocasião. Que autoritarísmo, que sentimento de propriedade!
    -Perdão, Nega, Perdão.
    E me bateu um sentimento de ternura ao lembrar-me dessa humildade do meu marido. Pois que para muitos maridos, pedir desculpas à esposa,o pedido de desculpe-me, é uma frase... Hercúlia!
    Como ele já tinha se afastado tanto ao ponto de não me ouvir, eu disse cá  no coração: Deus lhe acompanhe.

 

terça-feira, 22 de março de 2016

A Misteriosa Doadora de Presente.


    Dejacir, onze anos. filha mais velha de cinco irmãos. Dejair, Dejanir, Djalma e dejanira,  do casal Deraldo e dona Jacira. O casal ao sair pra trabalhar delega  a Dejacir, uma tarefa importante, pois ela, com eu disse acima, é a mais velha. Comprar dividir todos os dias, o lanche das 15 h. já que todos estudam pela manhã e na mesma escola. O problema é enorme para ela, porque mal chegam em caa, já querem que ela vá à lanchonete comprar o lanche.
    -Deixa eu trocar a roupa! Não acham que temos de almoçar primeiro?
    -não responde um. Depois do almoço você fica molenga. Fazendo cera!
   - É, sim, reponde outro.
             
            É aquele zum-zum!
            A menina sai em disparada.
            Estômago com fome dá revirada!
            Ela esquece de si pra agradar a cada um.

Num desses dias,  ao passar pela loja de seu Melgaço, Dejacir viu uma boneca linda! Pois se a pensar o que fazer para comprar tão ... encantadora boneca. Se eu conseguir convencê-los a irmos todas  as tardes, lanchar frutos silvestres lá na fazenda de seu Egeu, até juntar o total para comprar a boneca? Eles podem topar, mas... dirão a papai e a mamãe , que não estou comprando o lanche, e eles vão pedir justificativa!!! Ai, não dá!
    E Dejacir ponha- se a "namorar" o dinheiro do lanche que os pais colocavam entre a ripa e o barro da parede, pois a casa era de barro, o piso era de terra batida misturada com cinza para dar mais firmeza, Dejacir encostava o rosto de tal maneira na vitrine da loja, que o nariz ficava achatado Um belo dia, porém, quando ela estava envolvida, devaneando... nesse "namoro,"sentiu uma mão no seu ombro. Olhou num impulso pra trás. Viu uma senhora bem grisalha, pobremente vestida. desceu o olhar, a senhora estava calçando sandálias de dedos muito roídas! Mas... o olhar...ah! Aquele era pura ternura!
   -/gostou da boneca, não foi, menina?
   -Gostei, sim, senhora.
    -Vai comprá-la?
    - Eu? Como?
    -Você é cuidadosa com seus brinquedos?
    -Não tenho.
    -E com seus pertences?
   - Com meus o que???!!!
    -Seus calçados,roupas,escova...
    -Ah,tá! Sou cuidadosa e ciumenta, até! cuido também de meus irmãos,  nosso lanche, sou eu quem compro, divido cada poção na medida certa, pra não sobrar nem faltar
    -Você é uma criança de "ouro"!  Deus lhe abençoou,tenho certeza. Vamos lá dentro?
    -Da loja?
    - Sim.
    Enraram.A sehora com o semblante terno, um sorriso mais terno, ainda, encostou-se no balcão, pegou Dejacir pela mão dizendo:
    -Peça a boneca.
    -Eu?
    -Sim, você não quer a boneca?
  quero. Mas...
    Olhou a senhora de cima pra baixo, e...
    -como vou pagar?
    -Isso não é com você. Pegue a boneca e vá pra casa.
    -quando papai e mamãe perguntarem como consegui?
    -Descreva-lhes, direitinho como estou  que eles saberão quem lhe deu o presente
    Dejacir quase não cabia em si, de tão eufórica! Deu um abraço, um Deus lhe pague, Pegou  a boneca que já estava empacotada, e  saiu na disparada.
    -



















   

quinta-feira, 3 de março de 2016

Denilsinho em Férias.

   Nas férias de 2014, Denilsinho veio passar as férias da escola conosco. Para Nelson não prazer maio que tê-lo aqui. Eu sinto uma alegria...INDESCRITÍVEL!
   Agora que temos computador, ele está nos ensinando coisas que Lourdinha não teve tempo, por causa do seu estágio na cidade. Ficamos horas e horas a fio sentados em frente ao aparelho!!! E isso me causa surpresa por que Nelson, é tão ... célere, no sue dia a dia, que jamais eu imaginaria vê-lo sentado por longas horas!  Eu  chuto pro escanteio muitos afazeres.!!! Mas somente os de menor importância e menos urgente, claro. Sou uma dona de casa à antiga.
    Ponho-me estasiada a cada descoberta, a cada aprendizagem. Não economizo atenção ao que meu neto me ensina, pois chega a ser inacreditável a paciência e carinho que ele nos dispensa nessas horas! Eu que já me acostumei a ver filhos e netos impacientes, tenho mais é que agradecer e pedir a Deus bênçãos pra ele. É um menino de ouro, esse meu neto. Se Nelson ou eu não dizemos "tá na hora do rango, do lanche, ele não mostra vontade de parar.  nos "segura," mesmo!
   Minha  surpresa foi grande foi grande em uma hora em que ele estava acessando a internet e quando me viu,  saiu numa rapidez, incrível! Mas deu para eu ver que ele se comunicava com uma menina. Mais ou menos da idade dele.
   Por quê saiu do bate papo, vó?
   Porque a senhora chegou no exato momento em que encerrei a conversa.
   Ah, certo.  A garota me pareceu  bem simpática!
   Não era garota, vó.
   Respondeu-me ele, num repente.
    -Não!!!? Nossa! Parecia!
    -Vó, ele cria o cabelo, à cinco anos.
    -Puxa, tem o semblante muito meigo.
    - Tá bom,  tá bom. Era minha colega. Ela queria saber como estou...
    Mas falou baixando a cabeça e a voz quase não saiu! Se fosse  colega, porquê encerraria o papo, baixaria a cabeça e a voz sairia baixinha, baixinha? Aí "tem coisa", ah, se tem! Num misto de alegria, entusiasmo, compreendi rapidinho, que, Denilsinho é mais adiantado que Pedrinho! Pois na idade em que Denilsinho está agora, Pedrinho nunca se interessou por uma garota. Ou ele é Mais responsável,   consciente, ou Deninilsinho não é nada, nada, assim? Se assim for, pra mim vai ser desolador, porque na nossa família, não existem homens com esse tipo de caráter.  Melhor Confiar na genética familiar.Tenho mesmo é que  me alegrar, por ele já ter sua eleita. Pedir a Deus que eja uma boa menina, embora eu saiba que vai ser uma das primeira das muitas outras que virão, a julgar pela idade dele. /ou não?  Ai, ai, ai ai, ai! Só Deus sabe.
   -Jã veio à aula de hoje, vó?
  ´-Não, meu amor. Só estava passando. vi você acessando, parei Mas estou indo â hora colher verduras e legumes para o almoço. Me acompanha?
   Sim, vou, sim.
   Vamos, então.
   Na horta, percebi que ele estava apressado, apesar da boa vontade. Adiantei a colheita.
   Pronto. O que colhemos e arrancamos,  já basta.
   Sem esconder a satisfação, ele respondeu
   -Então vamos, porque preciso falar uma coisa que esqueci, âquela menina que a senhora viu no bate papo. E é importante. eu levo o cesto, vó.
   Obrigada, meu netinho querido.

 



 
 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Amadeu Trapalhão.

    Nelson foi percorrer, vistoriar as proximidades da casa. Isso ele faz todas as manhãs. E logo que começa o alvorecer. Na volta, ele chegou com a "cara enfarruscada" !
    -O que você tem, Nego?
    Perguntei preocupada com a suspeita de roubo de gado...
    -Sabe aquele pé de laranja baianinha?
    -Sei que aconteceu com o pé de laranja de umbigo?
    -Não estava carregada?
    -Tava.
    -Pois não é que amanheceu somente com as pequenas e as verdes! Ah, se descubro quem é o lalau! Mas Deus é justo, vai me conceder essa graça.
    Denilsinho que  ouviu a conversa, perguntou
    -Os nomes são das mesmas laranjas?
    -São, vô. É que nesta região, são conhecidas por esses nomes.
    -Ah, tá.
    Nelson saiu em direção à varanda. Eu disse para Denilsinho:
    -Seu avô vai sentar-se no banco para "quebrar a cabeça,"  até achar um jeito de "pegar" o "dono" das nossas docíssimas laranjas.
    Sentado com as pernas cruzadas, curvado com o queixo quase batendo no joelho e rolando o chapéu entre as mãos, olhando fixamento o chão,( O jeito de pensar de Nelson,) quando precisa resolver uma situação vexatória... Sentei-me ao lado,
    -Tinha casca de laranja junto ao pé?
    -Não. Não desci até a divisa, de tão revoltado com este roubo! Que absurdo, já às vésperas dos festejos juninos!!! Se roubarem novamente, cadê laranjas maduras para chuparmos? Ainda mais que meu primo Nestor vem e gosta tanto delas! Eu também. Fizemos até uma aposta para ver quem chupa mais laranja! Bem, durante o dia não foi. Deve ter sido na "calada da noite," madrugada.
    -Vô, vamos percorrer a  propriedade, que certamente vamos encontrar uma pista.
    -Vamos. Saíram em direção  ao caminho que desce para o fim da propriedade. Me dei conta de que Denilsinho estava vestido,calçado adequadamente para entrar no mato. Com a roupa que estava, ficaria  exposto a espinhos, picada de cobra... Chamei-o. Denilsinho, venha vestir camisa de mangas compridas, calça e calçar botas.
    -Vá, vô. Desculpe-me,  coma preocupação,não lembrei-me que vamos entrar no mato.
    Falou Nelson. Após Denilsinho trocar -se adequadamente para a empreitada, se mandaram.
    Passaram-se umas duas horas quando eles voltaram.
    -E aí?
    -Encontramos,sim, pista que nos leva a identificar pra onde o lalau pode ter levado nossas laranjas, pois deixou algumas espalhadas por onde foi.Eu vou achá-lo agora.
    E saiu portão afora em direção da praça do lugarejo, a passos largos e determinados.
    -Denilsinho, vem "quebrar" seu desjejum
    -Vô saiu sem tomar  café, vó.
    -Quando ele está  preocupado, aborrecido, não come, enquanto não acha como resolver o problema. E agora ele foi logo resolver.
   -Vou ver as iguanas, depois irei à casa de Ritinha.
  -O que você quer com Ritinha?
    -Ela vai me ensinar onde estão os pontos de perigos na lagoa.
    -que bom! Assim, fico menos preocupada, quando você for nadar.
    Quando Nelson voltou,  estava com o semblante de triunfo. Já fui perguntando
   -Quem foi?
    -Aquele homem do pé da ladeira.
   -Coitado! Ele é muito pobre, quase miserável! só tem aquela choupana. E, se não achar quem lhe dê um dia de serviço, passa fome, coma esposa e os filhos! Nego, tenha pena dele. Pelas crianças. Se damos queixa, não tem como pagar, a família vai sofrer mais fome, ainda!
    Que faço, então?
    -Denilsinho que estava lá à bera da cerca olhando as iguanas e os micos, deve ter ouvido porque
 veio apressado e disse
    -Vô ofereça-lhe trabalho em troca das laranjas, sem dar dinheiro.  E, explique-lhe que é para não prestar queixa. Mas avise que se repetir, o senhor presta queixa. Diga-lhe também que é em consideração às crianças  Vô, por quê o senhor não dá-lhe trabalho na fazenda?
    Um cara que me roubou!!!?
   -Sim, Nego. Com ele trabalhando, tem salário.  Certamente não vai mais precisar de se sentir "dono" das nassas laranjas.
    -É, vô.  Dê-lhe essa oportunidade. Assim, descobriremos quem realmente ele é.
    -Sabe vô. você ter razão. Porque nunca tinha acontecido roubo, antes.
    -Que acha, Nega?
    - Acho uma ideia boa, essa do nosso neto.
    -Então concordo. Vou falar com ele.
    -Ê,ê, ê, gritou e pulou de alegria, nosso neto.
    -Nego, vem tomar seu café.
    -Vou mesmo. tô com uma fome!
    Entrou foi direto ao lavabo, lavou as mãos,  sentou-se à mesa onde já estava seu desjejum, começou a degustá-lo, mostrando o semblante feliz.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Minha Primeira Viagem.

    1.955. No mês de fevereiro. Meu pai viajou à xxxxxx. Naquele mês eu completei 10 anos de idade.
    A viagem foi de trem. Para mim foi prazerosa, porque eu nunca tinha ido além de xxxxxxxxx, xxxxxxx, e vice- versa .
    Quando o trem ia passando pela cidade de xxxxx, um casal que estava sentado  do outro lado, começou a  fazer  coisas um no outro,  que  eu  nunca tinha visto!
    Um senhor que ocupava a cadeira do outro lado e levava um filho de uns 8 anos, e meu pai olharam-se, Arregalaram os olhos, se cutucaram. Acho que os dois conversaram com os olhos,  por que não ouvi os dois se falarem. Vi levantarem-se ao mesmo tempo, dirigindo -se à cabine, gabine, ou boleia?  Ah, boleia, não. Boleia, naquele tempo,  era de caminhão. Bem, fosse lá o que fosse, pararam à porta. O senhor bateu. Alguns segundos, penso que, que foram segundos, porque  aos 10 anos, eu ainda não tinha uma boa noção de tempo.
    O homem que atendeu, era alto, magro, bigode farto . com o uma coisa na cabeça que eu não conhecia se era boné, boina ... a roupa era diferente das que eu via os outros homens vestindo. (
Fui saber tempos depois que era a farda) Saudou os dois e, sem esperar resposta de cumprimento,  falou algo e parou. De onde  estava, eu só via . E sei que meu pai disse algo, pois que em seguida, o senhor que estava com ele, falou também.  O funcionário, ( não sei  qual era seu cargo) fez uma expressão no rosto muito séria, e virando-se para dentro da cabine ... falou algo e  dirigiu-se para cá, com passos firmes. Mostrado-se  uma pessoa de atitude, o homem parou junto ao casal que estava sentado  ao lado esquerdo, à minha frente. ah, a viagem era para o sul do estado da Bahia.
   - Boa tarde, moços.
    Não esperou resposta, disse.
    - Vocês estão convidados a descer na próxima estação.
    -que fizemos de errado?
    Perguntou a moça.
    Será melhor o rapaz se explicar.
    Disse o funcionário
    O que!!!?  Por ser mulher, não sou digna de o senhor me ouvir? Ou me acha retardada idiota,
    -Um momento, moça. A senhorita está acompanhada por este moço, então, é melhor que ele se explique, justifique. Certo?
    Certo uma xxx! Sou adulta. Sei o que faço o que quero e o que falo. Posso muito bem explicar o estávamos fazendo
    moça, me desculpe. Peço -lhe por por favor, deixe o moço falar.
    -O senhor vá pro inferno, pro raio que o parta,mas quero e vou falar.
    Dirigindo a fala  ao companheiro, disse
   -Você fique calado.
   Falou com tanta energia que causou impacto nos outros passageiros, que,  falavam coias ao mesmo tempo, sendo preciso que o funcionário falasse a todo pulmão: silêncio!
    -O senhor tem que me ouvir. Ah, vai.
    -A senhorita não quer deixar o moço falar mas isso não impede de  ter que descerem na próxima parada
    -Descer uma xxxxxx! Só porque estamos nos acariciando e beijando na boca?

                           É errado beijo na boca?
                           Carícia é malícia?
                           Carícia é propícia
                           Ao corpo às coxas...

    e soltou uma estrondosa gargalhada! O rapaz levantou-se e falou com firmeza à sua companheira:
    -deixe de fazer escândalo! Estamos errados, sim Saltaremos na próxima estação Desculpe-nos, senhor. Fique despreocupado, não causaremos mais vexame.
    -Tá certo. Descem na próxima estação.
    A moça se agitou, querendo dizer algo, mas o rapaz falou energicamente
  - Cale-se!  quanto maior escândalo fizer, pior pra sua reputação. Eu Sou solteiro.
    Ela sentou-se, e cruzou os braços deu vez à sua mudez. e a viagem prosseguiu.
    Acordei já na cidade para onde meu pai estava me levando. não vi o casal. o senhor com i filho.
    -Papai, cadê o senhor e o filho? e o casal de namorados?
    -Criança não tem que saber o que acontece e o que os adultos fazem, menina. Pegue sua trouxa (referindo-se ao lençol que continha meus pertences amarrados nele.) vamos pro ponto da marinete. pois ainda vamos pegar uma para ir ao bairro xxxxxx.
    -Vamos ficar na casa de alguém ou em pensão?
    -Já disse que criança não tem que saber o que os adultos fazem.

    Cá entre nós leitor, tem como esquecer uma viagem dessa?




segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

A curiosidade de Denilsinho.

    Denilsinho acordou cedo, hoje. após cuidar da higiene pessoal  foi para o lado da casa onde ficam as árvores que dão descanso às iguanas, alimento. E, bem na pontinha dos galhos elas deixam-se embalar pelo vento.  
    Entre os afazeres, lembrei-me que Denilsinho não tinha tomado seu café!!! Chamei-o com meu gritinho fanhoso: vó, venha quebrar seu jejum, menino! O carinho e a curiosidade pelas iguanas  faz com que ele esqueça de si! Demorou de responder-me, chamei-o novamente.
    -Dá um tempinho ai, vó. Tô vendo como as iguanas se alimentam com as folhas mais novinhas e flores. Vem cá, vó, vem.
    Fui ver o que ele queria.  Ao ver-me ele disse entusiasmado:
    -Vó,  no ano passado, notei que as iguanas fazem a dejeção no mesmo horário e no mesmo galho, estejam onde estiverem, e agora  vi novamente. Será que elas fazem  sua necessidade de  alimentarem-se, e de dejeções  no horário e lugar certos? Vou observar mais vezes. Não sei é normal ou por doença, no  cocô vem um pontinho branco!
     - Menino, você é inteligente! Que danado! Eu vivo aqui desde quando nasci,não tinha observado isso, não!
    -Vó a senhora não vem pra perto das árvores, não fica observado-as, talvez porque não passou na sua cabeça ou por falta de tempo. Já eu, Tenho curiosidade e... tempo de sobra. Não parece que aquela pequena bem verde cana está sorrindo pra mim. Não parece, vó? Ai, que lindo!
    Disse isso numa excitação, num contentamento...! E, nesse entusiasmo eufórico, me abraçou, me beijou. ao soltar-me, pôs-se a dar pulinhos, sacudindo as mãos. Que contentamento! Eu, claro, fiquei muito muito feliz, grata...
    Olha lá, vó. balançou a cabeça , olhou para a outra.  Acho que tá pedindo que sorria pra mim, também.
    -Menino, que loucura é essa!!!? Onde já se viu animal sorrindo. Hum, quanta imaginação!
    -Que ela me sorriu, sorriu.