quarta-feira, 23 de março de 2016

O Nome do Corcel.

    Lembre-me neste exato momento que pedi a Nelson que fosse à cidade comprar mantimentos, pois que a dispensa está quase vazia! Ao pegar a lista das minhas mãos, ele perguntou
    -Nega, a lista de legumes e verduras?
    -Ver o quê, seu Nerso???!!!
    Perguntou a filha de um dos trabalhadores que me ajuda nas tarefas domésticas.
    -Quer deixar de perguntar, por favor? Disse -lhe, eu, irritada.
    -Tá, tá. Num se pode preguntar nada, nessa casa!
   - Nego, pra que temos uma horta?
    -Mas não temos rúcula, acelga.
    -A o quê???!!
    -Novamente você perguntando?
   Discurpa, discurpa.
   E virou-se em direção do quintal, mas Nelson  disse espere.
    - Acelga, é uma hortaliça, de  valor nutritivo. Especialmente rica em cálcio, gostosa na salada. Não a temos por que ela nem germinou aqui.  O clima dessa área não é bom para esta hortaliça.
    - E a tal rú...eta nome! Num é um palavrão?  
    Irrompemos numa gostosa gargalhada, ao mesmo tempo.
    Rúcula, é, hortaliça. Folha para salada, também. Rica em ferro.  Plantamos.-a. Mas não nasceu Olha que as plantamos por várias vezes, antes de desistirmos!
    -Ah, tá. nunquinha ouvi falar delas!
    -Chega de conversa! Não tenho tanto conhecimento, para administrar aula sobre hortaliças. Nega, não esqueceu de nada?

    -Ah! Tentei falar com Pedrinho e Denilsinho, mas as operadoras xxx, xxxx, e xxxxx, que são predominantes na região, sequer, sequer, diz algo como as desculpas esfarrapadas:este  número não existe, este número que você ligou, está  desligado...  O certo é que estamos sem comunicação!!!! sinto até vontade de atirar o aparelho pra o ar. Só não faço porque sou controlada, consciente de que  nesse ato posso atingir  umas iguanas, macacos e pássaros. Os bichinhos não têm culpa do que nos acontece. Pense como eu ficaria se machucasse um ou uns bichinhos deses? O que Denilsinho pensaria de mim? E o prejuízo em reais? O real tá difícil de se consegui-lo!
    -Tô vendo que ele tá com moral. Mais do que eu, até! Você joga minhas botas pro terreiro,meu chapéu pra  a casa das ferramentas da roça, e tantas outras coisas minhas que você chega a jogar fora, chuta pro beleléu!
    -Não me venha com essa lenga-lenga! Não me obrigue a dizer que faço isso, porque você  larga tudo nos lugares inadequados!!! É casca de laranja pendurada no espaldar da cadeira, chapéu na mesa
    -Você com seu bolodório, está atrasando minha viagem! Não lhe pedi  tais detalhes, pedi?
    E saiu apressado, gritando para Ximbica, nosso encarregado dos animais trazer  o corcel vapt-vupt, nosso mais novo e xodosíssimo corcel negríssimo como o breu!

                   Eu quis por-lhe o nome Pompeu
                   Nego disse: é da cor do azeviche, do breu,
                   E, é meu.
                   Quem DÁ o nome, sou EU!

                   
    -Ai, nego. disse lhe eu, na ocasião. Que autoritarísmo, que sentimento de propriedade!
    -Perdão, Nega, Perdão.
    E me bateu um sentimento de ternura ao lembrar-me dessa humildade do meu marido. Pois que para muitos maridos, pedir desculpas à esposa,o pedido de desculpe-me, é uma frase... Hercúlia!
    Como ele já tinha se afastado tanto ao ponto de não me ouvir, eu disse cá  no coração: Deus lhe acompanhe.