quarta-feira, 8 de agosto de 2018

OS TRADUTORES de SONS.



     Nelson anda às voltas, no galpão dos apetrechos, ferramentas, caçuá, e todas as  mais trepeças de coisas que precisamos para o trabalho rural. E anda pra lá, pra cá... vira, revira uma coisa aqui, outra lá. Eu me perguntado por quê  ele não chanava Praxedes, que é quem sabe de onde estão todas as coisas? Mas não me atrevi a perguntar-lhe nada, pois seu semblante me tirou o desejo de ajudá-lo. Fui ao portão da frente, dirigi-me onde praxedes estava cuidando da crina e rabo do cavalo negro, que é minha paixão,  chamei baixinho, mas, que deu pra Praxedes escutar  Quando ele olhou, levantou  levemente o chapéu e, entendendo que eu não queria ser ouvida por outros trabalhadores, me perguntou com os olhos, o que eu queria  . Chamei-o  firmeza nas mão . ele veio  meio apressado. Quando ele me saudou com  com um solente
-Boa tarde pratoa  Qui se assussede?
- Vai lá no galpão que Nelson está quase perdendo a cabeça de procurar algo e não acha.
- Eu sei o que ele prucura. É a rédia, de couro importada.
Disse ele já andando em direção do galpão.
 A passos lentos, dirigi-me pra lá, também,  chegando a tempo de ver Praxades apontando pra o telhado do galpão, dizendo oia lã pra riba, pratão.
    Nelson levantou a cabeça. Ao ver a rédea, disse: menino, não é que não me lembrava de ter pendurado  essa rédea? Não fosse você, eu ia dar um troço e não encontrava!
- O sinhô num dispundurou. [pendurou] mandou eu.
-Ah! Tá explicado. Como eu lembraria se não pendurei?
- Se qui ainda tô mai moço já num se lembro de arguma coisa qui fiz...
-Você está me chamando de velho?
ele perguntou num tom falsamente calmo. Digo isso, porque sei que ele DETESTA ser chamado de velho.
-Não, não, sinhô Quero dizer qui tenho a cabeça menos "cheia qui a do sinhô
- Não tente me enrolar, não, Praxedes.
e saiu em direção á varanda, enquanto Praxedes tentava puxar a rédea com gancho.
   Quando chegueià varanda, ele já tinha  a enxada pequena e a lima nas mãos
-vai afiar a enxada pra você capinar?
-Não. porquê teremos de capinar a área dos festejos juninos, e tem trabalhador sem enxada.
-ô vô, o senhor é obrigado a dar sua ferramenta para o trabalhador ganhar dinheiro com ela!!!? Desse jeito, é bom, fácil ganhar dinheiro.
Disse Denilsinho, que foi cegando no momento.
-É, meu neto.querido.não são todos.É um ou outro, que, por ter filhos, o dindin não sobra pra comprar enxada, facão, machado estrovenga... para trabalhar. Se eu não fornecer a ferramenta, o trabalhador não ganha dinheiro para o sustento da família, comprar roupas para os filhos . E aí. as crianças passarão as festas juninas com roupas rasgadas, descalços.
-Vô, estou orgulhoso do senhor
Disse Denilsinho, enquanto dava um abraço carinhoso e um beijo na bochecha do avô, que, não soube disfarçar a emoção!
     Pedrinho foi chegando e sentou-se no outro banco tosco da varanda, no momento em que /nelson começou a amolar a enxada.
     ao ouvir o som do atrito da  lima na enxada,  Denilsinho soltou uma explosiva gargajhada.
 Pedrinho, eu, nos assustamos, Nelson parou!
 -Pirou, foi rapaz?
 Perguntou Pedrinho.
-Nem eu.  Eu disse.
 -E eu cá? Falou Nenson.Vocês não entenderam o que a enxada diz ao atrito da lima. Diz, zica, zica, zica. e quando vô diminui o atrito, ela diz, ziiiinca, ziiica, ziica.
-Não, não, vinte, trinta, vinte trinta. Viiiinte triiiinta, viinte triinta...
Os quatro soltamos risadas prazerosas.