terça-feira, 2 de junho de 2015

Dona Expedita.

    Dona Expedita tinha duas filhinhas.
       
             Criava-as sozinha
             Pegava-se com Deus
             em favor das filhinhas
             Vê-las  sadias era o desejo seu

    Vivia lavando roupas,  prestando alguns serviços doméstico e até na lavoura, para ganhar o sustento na lavoura do cacau, no sul da Bahia.
    Um dia, que triste dia! Dona Expedita notou sua filhinha menor estava com o rosto um tanto... Opado!!!?Deus meu. Me acuda!Pôs -se a examinar a criança, viu que as mãos, os pés também estavam na mesma jeito!A pobre criatura não pode conter o pranto. Que aflição! E perguntava-se:o que esta menina tem? Não sai do berço. aina nem anda! [ a criança tinha nove meses de nascida]. Será vermes? Deixe-me ver a barriga. Não, não. a barriga não está com jeito  de quem tem verme. Na fonte comentou com as amigas. Cada uma tinha uma opinião. É anemia, é falta de boa alimentação...  E crescia em dona Expedita, a aflição.
    Médico? Só na cidade. Dinheiro para a passagem, como arranjar, se o que ganhava mal dava para a alimentação?  Pedir carona aos fazendeiros, cadê coragem?
   E dona Expedita chorava, chorava... Se afligia cada vez que olhava para a filhinha, erguia a cabeça e perguntava a Deus: que faço, Senhor, que faço? Se o pai dela não tivesse ido embora, ele daria um jeito. Pelo menos tinha mais dinheiro.
   Uma vizinha lhe perguntou: cuma tu dêxa ela quondo sai?   Discarça [descalça] se, roupa no chão puro? Se for assim, é isso que ttá fazeno mar pra a minina.
    -Dêxo no belço, e vistida. só sai do belço, quando eu chego qui tiro, carço a percatinha pra botar no chão Pra brincar com a irmã mai maió.
    -Qui mistéro!!!
    -É, sim. Eu tô u'a agonia, só! Num sei qui fazê. Os dia passano, a minina piorano...
    - Dona Expedita lamentava a falta de dinheiro. Cuma, cuma resovê, meu deus, essa situação? Essa pobreza ixtrema  tá matano minha fia.
    Na casinha de tipa de dona  Expedita não tinha energia elétrica. água encanada,  o piso era de barro batido. Móveis? Nem pensar.
    Um dia quando dona Expedita chegou, que ia botando a chave na fechadura, ouviu a filha maior dizendo; chêla, Nêna, chêla. [Cheira]  O coração dela quase saiu pela boca, de tão acelerado que bateu. E, ao invés de abrir a porta, ela espinhou por um buraquinho, na parede, viu a menina maior botando o pavio do cadeeiro no nariz da irmãzinha! Dona Expedita não estava acreditando no que viu. Entrou, sentou-se no caixão de sabão que usava com cadeira, pegou a filha no colo,  dizendo-lhe: você tá matano sua irmã! Isso num se fais, fia! O qui vou fazê pra tu dexar de dar o pavio do candeeiro pra sua irmã, chêrar, fia?  Eu dexo ocês suzunha pru qui num tenho com quem dexar. Se eu num  trabaiar, quem vai dá di cumer a nói? o qui vou fazê agora cum  essa situação, fia? Ó Deus me ajuda! a menina arriou a cabeça e toda dengosa dise: Quando a sinhora sair, leva o candierto, mamãe.