quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

De Onde Vem Realmente,a Violência?

  Discordo quando dizem que a violência, já insuportável, é originada da pobreza.
  Lembro -me que na minha quase feliz infância na minha querida cidade de Cairu, meus irmãos e eu não tínhamos roupas em bom estado. Isso em tempo de sol. Se chovesse por três dias a fio, vestíamos trapos!!! Deus meu! Quanto sofrimento para nós! Para nossa mãe, então, o sofrimento era maior.
  Bem, como disse acima, discordo literalmente dessa opinião.
a meu ver, nem psicólogo,nem um outro,"logo" sabe quando diz a pobreza a origem desse mal social. Se disserem ´´e falta de educação materna ou religiosa, ai sim concordo plenamente. Essas duas disciplinas tão necessárias ao ser humano, mamãe soube e muito bem nos dar, graças a Deus! Embora não sejamos praticantes,de religião. O que importa é que no tempo da nossa formação infanto-juvenil, tivemos noção exata do temor a Deus, sobretudo no caráter...
  Mamãe nos ensinou a rezar ajoelhados, ao dormir, ao acordar, ao nos alimentar, agradecer ao Supremo Criador, a não mentir.
   Na minha também quase infeliz infância, porque meio feliz e meio infeliz, eu  quase não tinha o que comer, também, nem uma cama confortável. Dormia em tarimba. Vez por outra tinha esteira como colchão.
   Se não tínhamos o desjejum e isso rea constante no nosso viver, ai estava nosso padecimento.  Acordávamos ao raiar do dia, íamos catar frutos para nosso café matinal: ingá, jenipapo, laranja de caroço, maracujá mirim...
   Cairu é cercada por um manguezal. então,depois desse lauto desjejum [hoje sei que era assim mas naquela época...]seguíamos para o mangue. Passávamos querosene no corpo para afugentar mutuca, mosquitos... pegávamos siri, ostra, sururu. caranguejo, aratu e moréia. quando a maré  já estava enchendo voltávamos p 'ra casa.  ainda íamos buscar água na cabeça. e a  fonte era longe! Catar gravetos  para fazer fogo para cozinhar nossa abençoada pescaria. Mamãe pedia farinha emprestada à vizinha para então almoçarmos.
   E no inverno? Pensem no nosso sofrimento sob chuva, picadas dos já citados insetos, vento frio, cortante! E, pasmem: éramos três crianças entre nove e cinco anos buscando nosso próprio sustento. Enquanto isso, mamãe estava catando piaçava, como estômago sem nada!!! Com esse trabalho ela comprava o resto do suprimento.
   Dávamos graças ao SUPREMO CRIADOR  quando a maré secava mais tarde, porque comíamos mais  os frutos silvestres. Nossa, como tais frutos saciavam nossos estômagos reclamões. Também pudera, tínhamos dormido sem nada...
   Foi quase feliz minha infância, porque eu tinha tia Isaura, pue apesar de claudicante [sequela de uma picada de cobra] tornava-se lépida ao acudir-me dos castigos que mamãe me infligia, por conta de minha travessuras.
  Aliás, eu deveria me considerar feliz, pois que mamãe levava uma vida tão amarga, nunca disse uma  palavra  ruim contra nosso pai O que seria de nós, caso nos fizesse ouvir palavras de rancor, revolta, contra nosso ele? Nem imagino o tamanho do paterno que poderíamos ter alimentado. Que bênçao tê-la com mãe!
   Também foi humilhante mina infância porque abandonada por papai, mamãe precisava, não raramente, da ajuda dos parentes e por isso nos apelidavam pejorativamente, batiam em nós...
   Mamãe era tudo para n´s, abaixo de Deus! Não fosse ela como foi...
Por ter uma labuta quase desumana para uma mulher mal alimentada, mamão pouco nos acariciava.E disso muito, muito se culpava! Ela Ela era tão perspicaz! Num relance, em nossos semblantes lia que tínhamos aprontado. Aí vinham sermão, castigo de joelhos [ficávamos ajoelhados de frente para a ]parede]. Sou -lhe grata por isso.
   dá, pelo que citei nestas linhas, dá para saber de quem é o mérito pelos filhos não violentos de mamãe? Sem desmerecer, claro, o privilégio de servidos com lautos, salutares e gratuitos desjejuns, oferecidos pela outra mamãe: A NATUREZA!
   Na minha opinião de filha esse mérito HERÓICO cabe a MINHA MÃE!